Ricardo Santos - Presidente da Associação comercial e industrial de vila do conde

Em termos gerais, que balanço faz do mandato até ao momento? 
Antes de mais, queria deixar uma mensagem de agradecimento ao Jornal Vilacondense, pela consideração e atenção de convidar a Associação Comercial e Industrial de Vila do Conde para esta entrevista.
Estando envolvido neste projeto, somente há cerca de 22 meses, sinto que os empresários do nosso concelho já têm sentido uma nova postura de dinâmica e de proximidade que tem conferido uma notória evolução do envolvimento dos empresários Vilacondenses com a Associação e um crescimento no número de propostas e iniciativas conjuntas, que tem garantido um reforço de interação e de comunicação para com os associados. Este nosso percurso de 22 meses tem sido muito intenso e desafiante, tendo sido desenvolvidas mais de 60 iniciativas, o que confere quase uma iniciativa por semana.
A principal iniciativa tem sido a dinamização do nome de Vila do Conde fora de portas e o reforço do slogan “Compre em Vila do Conde “, apelando às vantagens de comprar no nosso concelho; Realizamos
um reforço na formação dos empresários nos temas relacionados com o comércio online, comércio digital e novas plataformas de venda online; Elaborarmos a criação de um portal de Ecommerce e Marketplace grátis para todos os empresários que poderão utilizar e potenciar as suas vendas de forma grátis e de fácil acesso (www.compreemviladoconde.pt); Criamos um protocolo com os CTT
disponibilizando serviços de cooperação e de vantagem para os associados, com tarifário especial e criação de um protocolo para a plataforma Marketplace (www.dott.pt); Reforçamos as dinâmicas da cidade com a criação do concurso “Montras de São João”, valorizando os espaços comerciais, tornando-os mais apelativos, ao mesmo tempo que se enaltece o património cultural local, mantendo vivas as tradições. Assim, os proprietários dos estabelecimentos aderentes habilitam-se a um prémio no valor de 1000 Euros; Criamos a “Grande Tômbola de Natal”, concurso que tem o principal intuito de incentivar os consumidores a investir no comércio tradicional do concelho, levando a que cada cliente ao realizar uma compra de 25 euros fique habilitado a um prémio financeiro de 1000 euros, 500 euros ou 250 euros! Foi um concurso que no ano passado envolveu 70.000 cupons e mais de 300 lojas inscritas; Desenvolvemos um Gabinete de Apoio ao Empresário para que, nos momentos adversos provocados pela pandemia Covid-19, se tente minimizar o impacto negativo e resolver variadíssimos problemas, nomeadamente a esclarecer os associados e a encontrar soluções para as suas empresas; Procuramos obter um retorno nos apoios e na utilização dos fundos comunitários, através da adesão ao Programa Adaptar, tendo ajudado mais de 200 empresas a receber apoio do Governo no valor máximo de 5000 euros, com 80% a fundo perdido; Intensificamos a partilha entre empresas, tendo existido vários empresários com permuta de colaboradores e partilha de técnicas e processos de produção, reforçando as competências e melhorando os negócios de ambos; Oferecemos material de apoio de Covid-19, nomeadamente, máscaras e viseiras de proteção; Procuramos aumentar a presença na sociedade civil, através da realização de parcerias e protocolos com a maioria das instituições do concelho e, de forma especial, reforçamos o papel com a Junta de Freguesia e com a Câmara Municipal; Desenvolvemos várias reuniões na Assembleia da República, de forma a potenciar o apoio ao tecido empresarial vilacondense e de forma a se conseguir maximizar o apoio às empresas e a resolução de problemas; Reforçamos o apoio jurídico aos associados, proporcionando um atendimento mais rápido e mais cuidado, acompanhado a maior exigência dos momentos que atravessamos; Aumentamos a capacidade de comunicação com publicação na página da Internet, redes sociais e e-mail, acerca de todas as novidades e da nova legislação, de forma a podermos apoiar os empresários Vilacondenses neste período particularmente difícil; Reforçamos o apoio contabilístico, mediação de seguros, aconselhamento arquitetónico, aconselhamento económico, apoio ao vitrinismo, visual marchandising, entre outros que poderíamos elencar, na defesa do interesse dos empresários do nosso concelho.

COVID-19

Têm reunido com os associados para auscultar os seus problemas? 
A nossa presença junto dos associados tem sido cada vez maior. Graças a uma equipa fantástica de diretores e graças ao empenho cada vez maior dos nossos colaboradores, temos reforçado o apoio e presença de proximidade com as empresas e perante as mais diversas solicitações em que fomos envolvidos.
Apostamos numa liderança alicerçada numa departamentalização, com delegação de competências, para que a Associação não se circunscreva, apenas, ao seu Presidente, mas se alargue a todos os nossos diretores.
Desde o início da pandemia, que medidas tomaram no apoio aos sócios? 
Já enunciamos, acima, diversas medidas. No entanto, reforço que realizamos várias reuniões e debatemos com a Câmara Municipal e conseguimos, conjuntamente, resolver problemas de sócios em situação graves; Conseguimos agilizar e ajudar na legalização das esplanadas de forma simples e rápida, para minimizar as restrições de utilização dos espaços interiores dos restaurantes, cafés, pasteleiras e afins; Desenvolvemos esforços para apoios na obtenção de crédito bancário nas linhas especiais do Governo; Criamos um gabinete de crise com a presença de elementos jurídicos, face ao apoio económico, social, psicológico e informativo, entre outros; Diariamente, íamos acompanhando os temos da agenda e notícias publicitadas e criávamos newsletters para informar e suprir dúvidas sobre as novas recomendações e legislação a aplicar.
Foram momentos muito exigentes, onde todos estávamos com dúvidas, e onde todos precisávamos de perceber qual o caminho e como encontrar a luz ao fundo do túnel. Sinto que fomos determinantes na submissão dos apoios Layoff e apoios ao Programa Adaptar, porque conseguimos, de forma rápida, resolver problemas novos e apoiar as empresas na obtenção de apoios a fundo perdido. Apoios que eram como água no meio de um deserto de incertezas e onde se via no olhar dos empresários que estávamos a fazer a diferença a cada momento.
Fizeram algum apoio específico ao setor da Restauração no concelho?
A restauração é um dos setores mais fustigados com esta crise. Todos sabemos que estão a viver momentos sem igual e sentimos que temos de dar o nosso melhor na busca de soluções para os seus problemas. A nível local sensibilizarmos a Autarquia e sabemos que no que a ela lhe diz respeito, tem sido feito um esforço na busca de soluções caso a caso. Veja-se o exemplo das esplanadas simplex, tendo aprovadas mais de 50 em pouco mais de 2 meses, de forma rápida e simples. Mas, como é óbvio, é pouco e os empresários querem mais. Sentimos que o Governo tem de criar um apoio sério e eficaz  para o problema da restauração. Propusemos perante a Assembleia da República e em cooperação com a CCP (Confederação de Comércio e Serviços de Portugal) um regime de apoio às rendas e que fosse avaliada e ponderada a redução do IVA em todos os produtos para 6% no ano 2020 e 2021. Abordamos, ainda, a questão da redução do custo da água e da energia elétrica, pedindo uma redução em sede de crédito fiscal desses valores e reforçamos o alargamento do lay-off como medido a redução do custo laboral. Sabemos que é igualmente importante que se crie um apoio a fundo perdido equivalente à quebra do valor faturado, por imposição dos encerramentos dos estabelecimentos.
Porque vejamos, neste momento específico que vivemos em os bloqueios que os restaurantes e  negócios similares estão a ser obrigados a cumprir, não aceitamos o que se tem feito com o setor da restauração e não podemos permitir que o governo feche os olhos a este setor. Pergunto: à data de hoje, que apoios existem para a restauração?
Nada!
Tem números de empresas que encerraram no concelho?
Neste momento, temos os números de associados que nos informaram da sua intenção de encerrar. Estamos a falar de pouco mais de 4 empresas!
Qual o relacionamento com a Câmara Municipal? 
A relação com a Câmara Municipal é importante para todas as Instituições e, da nossa parte, temos feito um esforço máximo no sentido de apoiar a Câmara Municipal em todos os desafios e em todos os pedidos que nos tem feito. No sentido inverso, temos sido muito bem recebidos e apoiados por todos os Vereadores nas mais diversas reuniões que temos mantido e, de forma especial, temos sentido um apoio cada vez mais crescente e próximo da Senhora Presidente de Câmara. Hoje, mais do que nunca, precisamos do apoio das Instituições públicas, para levar em diante dos projetos dos empresários Vilacondenses e, por parte do Município, temos sentido disponibilidade para nos receber, ouvir e implementar.
Que avaliação faz da atuação do Governo em relação aos apoios aos empresários?
Todos sabemos que nos momentos de crise todas as ajudas são poucas e todos queremos que todos os organismos estejam atentos e preocupados com a nossa realidade. O Governo tem, neste momento, um enorme desafio que é a proteção da saúde pública e o cuidado do bem-estar de todos e é nesse campo que reconheço o seu maior foco. No setor dos apoios à economia, perante a problemática Covid-19,  abemos que Portugal é um dos países da Europa com menor percentagem de apoio económico face aos seus efeitos e isso, obviamente, reflete-se no sentimento das empresas. Sentimos que estamos muito  aquém do que deveria acontecer. As empresas precisam de mais apoios para poderem manter as suas atividades económicas. Precisamos de mais lay-off e mais linhas de financiamento.
É essencial que se crie um plano de melhoria ao investimento, ajudando as empresas a adaptarem-se a esta nova realidade económica, com mais apoio na digitalização dos negócios e na criação de menores barreiras no âmbito do confinamento. Precisamos de reforçar o investimento como garante da regeneração económica e na dinâmica de consumo que é essencial para que o país retome o setor do crescimento.
Devemos diminuir as restrições aos restaurantes e criar redução de impostos de custos essenciais, como água e luz, para que os empresários não “morram” com os custos fixados e possam, assim, acreditar no futuro melhor a 1/2 anos. Precisamos de mais e todos sabemos disso!
Qual a sua opinião sobre os novos horários do Comércio e da Restauração nos fins-de-semana e feriados? 
Não concordamos com a redução dos horários da forma que os mesmos se apresentam, por duas vias: No comércio menos horas significa redução de faturação e mais clientes em curto período de tempo, o que leva necessariamente a uma maior aglomeração; Na restauração, menos horas significa um corte brutal no serviço que torna os negócios altamente negativos e com poucas horas laborais com clientes, reduzindo em 60% o período típico de consumo na restauração e retirando o período mais importante que seria o jantar e os fins de semana.
Todos entendemos as necessidades de restrição sanitária e de saúde pública etodos sabemos de devemos lutar para reduzir os números da pandemia, mas não podemos aguentar muitos mais meses com este nível de restrição, sem apoios.
Se o Governo sente que é inevitável utilizarmos estes horários para que a pandemia seja amenizada, então que sejam criados mecanismos de apoio económico reais, para que as empresas se possam manter no ativo, em alternativa ao inevitável aumento do desemprego e dos problemas sociais.

NATAL 

Nesta época natalícia, apesar das limitações da pandemia, o que têm realizado na promoção do comércio local? 
Neste Natal, de forma especial, reforçamos as atividades de dinamização e publicidade ao comércio tradicional do concelho, com uma aposta clara na criação de campanhas de publicidade e campanhas de fidelização; Promovemos, como já foi referido, o concurso “Tômbola de Natal” para todas as compras iguais ou superiores a 25 euros. Assim, os consumidores ficarão habilitados a um dos 3 prémios,  respetivamente, de 1000 euros, 500 euros ou 250 euros. Desta forma, pretende-se promover uma motivação adicional para que se compre no concelho de Vila do Conde; Este ano quisemos, ainda mais, sinalizar o momento de festa e lançamos o desafio aos empresários para que coloquem uma passadeira vermelha em frente às suas lojas. Este desafio está a ser um sucesso, tendo já sido instalados cerca de 6000 metros de passadeira, criando um colorido diferente e mantendo o espírito natalício; Iremos ter um Pai Natal nas últimas semanas que antecedem o Natal a percorrer todo o concelho e alegrar as crianças com surpresas e presentes.
Estas e outras iniciativas enquadradas no cronograma do Município e das diversas outras Instituições do nosso concelho ajudarão a termos um Natal, embora diferente, mas sem perder o brilho caraterístico desta quadra natalícia. Não podemos esquecer que a magia do Natal anima toda a população e precisamos de um esforço adicional, este ano, para conseguirmos ajudar todos os Vilacondenses e vencermos, juntos, este momento único e difícil que atravessamos.

Quer deixar uma mensagem final para os associados e vilacondenses em geral? 
Queria deixar uma mensagem final de agradecimento e carinho enorme aos empresários e empresárias do nosso concelho que têm recebido a nossa Direção com enorme cordialidade e têm-se envolvido, ativamente, e cooperado nas mais diversas iniciativas e solicitações que lhes temos lançado. Peço que ajude a que muitos Vilacondenses mantenham as suas empresas, preservem
os seus postos de trabalho e garantam o futuro das suas lojas.
Juntos, vamos conseguir!